Era o seu grande sonho desde criança, mas nunca tinha conseguido realizá-lo. Até aquele dia.
Fez vários testes em vários clubes de sua cidade, inclusive nos 2 de reconhecimento nacional, porém nunca tinha sido chamado. Já tinha até desistido e agora só jogava brincando com seus colegas de escola. E ele não era chamado, não porque jogava mal, e sim porque nos testes ele ficava muito nervoso e não conseguia desenvolver aquele futebol que sempre alegrava todas as crianças da escola. Parecia que nos testes a magia sumia. Ele tinha uma namoradinha, chamada Lívia, que não dava muita força para ele, dizia para ele não seguir esse sonho, que seria só mais sofrimento.
Há umas semanas atrás, houve um campeonato na escola, onde dizia-se que teriam olheiros de várias equipes da sua cidade. Ele foi muito bem no campeonato pois, embora nervoso, ele jogou em casa e com toda torcida conhecida, e então foi chamado para outro teste, em um clube conhecido. Sua namorada não deu a mínima para esse convite, disse para ele não ir, que ia ficar muito nervoso e que não iria passar. Ele ficou muito triste com ela e não falou mais desde então, se encontraram numa festa e nem se falaram, mas tinha uma amiga dela que não parava de olhar para ele.
No dia do teste, acordou cedo, tomou um banho, rezou e foi para o estádio. Não seria um teste como os outros que ele tinha feito, seria um jogo oficial do time, em que ele entraria e os diretores analisariam seu desempenho. Acabou o primeiro tempo, 0x0. Nos últimos 30 minutos ele foi escalado, entrou nervoso. Não conhecia o campo, muito menos a torcida. Foi então que depois de errar um gol bizonhamente, ele olhou para a arquibancada e viu Lívia e sua amiga. E então aconteceu uma transformação nele, correu muito, marcou muito e em três lances, fez três gols. A torcida estava incrédula, os diretores técnicos também. Acabou o jogo e ele foi muito festejado, tanto pelos jogadores quanto por seus pais que estavam no camarote assistindo.
Ficou uns 20 minutos dando entrevista para uma emissora local, quando avistou Lívia. Foi até ela e perguntou o que ela tinha a dizer.
-O que você veio fazer aqui?
-Vim te ver, ora. Você jogou muito bem hoje, parabéns.
-Obrigado. Qual que é o problema da tua amiga comigo hein?
-Ah, ela sempre gostou de ti e então agora que a gente estava brigado, ela achou que tinha alguma chance.
-Eu não gosto dela, eu gostava de ti. Muito. Mas depois daquele dia, eu fiquei pensando...
-Eu vim aqui pra te ver, pra te pedir desculpa. Me dá um beijo?
-Sabe porque eu joguei bem hoje? Porque eu te vi na arquibancada.
-Ai que lindo! Eu sabia que poderia te ajudar hoje.
-É verdade. Você me ajudou. Mas eu não joguei bem pra te impressionar, eu joguei bem pra te mostrar que eu sou capaz de vencer na vida e arranjar alguém muito melhor que você.
Dervixes, Gurdjieff e Tsabropoulos
Há 14 anos