quinta-feira, 3 de maio de 2018

Pessoas que evaporam

Quem é a pessoa que fritou minhas onions rings, que eu pedi pra trocar por mais 5 bolivianos, nessa noite de domingo?

Quem era o congolês que estava atrás da recepção do “hotel”, que não entendia meu castellano aprendido em 2009?

E os 4 ingleses que atravessaram o deserto a bordo de um 4x4 e que, após chegar ao destino final, dei um tchau envergonhado do meu ingles?

Hoje passei um bom tempo na Plaza San Francisco em La Paz, onde estava havendo uma apresentação de comédia, com danças e muitas risadas de quem tava assistindo. Era muito semelhante ás várias que já assisti, seja na Av. Paulista, seja na Beira Mar de Fortaleza. Porém me passou algo estranho.

Eu estava sozinho. Embora não tenha sido minha primeira viagem sozinho, não havia nenhum estrangeiro, pelo menos não no meu campo de visão. Eu estava imerso na cultura local, eu e mais uma infinidade de bolivianos, que mesmo com todas as dificuldades que imaginamos que existam, se divertiam com um simples show de comédia gratuito.

Desculpe, não era de graça. Ao final do show, o comediante pediu aquela contribuição tradicional de apresentações “gratuitas”.

Nunca mais verei o comediante, ele era engraçado. Nem os ingleses, nem o recepcionista. NUNCA. 7 pessoas que passaram pela minha vida, durante 15 dias, e que evaporaram.

Elas estão no MUNDO, mas num mundo alheio ao meu.

Direcctamente de La Paz.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Curtinhas 1

Há dois meses atrás, na cidade de Aracati, interior do Ceará, foi levado às pressas ao hospital da cidade uma mãe em pleno trabalho de parto.
Depois de algumas horas e muita gritaria, nasceu uma menina. Após a palmadinha do médico no bumbum, a criança foi dada à enfermeira que notou algo de muito estranho. A menina tinha nascido com a mão direita fechada, além disso, ela tinha uma deformação no rosto, tornando-a a criança mais feia já nascida na cidade. Tentaram de todo jeito abrir a mão da menina, todas sem sucesso.
A junta médica do hospital se reuniu para discutir como iriam resolver o problema da mão da menina. Analisaram todos os procedimentos possíveis e decidiram pela cirurgia. Eles aproveitariam e  fariam uma reconstrução no rosto dela.
Por ser um bêbê muito novo, a cirurgia foi complicadíssima. Demorou horas e nada de conseguir abrir a mão dela, até que a criança não resistiu.
Com a menina morta, todo seu corpo ficou duro e, como por mágica, sua mão abriu. Nela estava escrito, com uma espécie de pele ressecada, bem legível:

O Digão é gay!

E que chuva que deu!

Complete...

Estava jogado no chão.  Mesmo tendo som alto nos seus ouvidos ele não tinha nenhuma vontade de se levantar. Estava bem ali, dormindo tranquilo, sem preocupação nenhuma.
Tinha cansado de procurar a menina que trabalhava com ele e decidiu se sentar um pouco. Foi então que caiu no sono.
De repente escuta uma voz feminina e se desperta:

-Oi, tá tudo bem?
-Tá sim. Estou só descansando um pouco.
-Ah. É que eu te vi aqui e parece que você não está muito bem não.
-É que eu não acho meus amigos e perdi meu celular.
-Quer procurar eles? Eu vou com você.
-Me ajuda a levantar...

Sairam os dois no meio da multidão a procura de coisas impossíveis de achar. Ele não tinha certeza se seus amigos estavam realmente nessa festa, não lembrava como havia chegado lá e muito menos se tinha levado o celular ou tinha deixado em casa. Mas nada importava, estava do lado de um anjinho que iria ajudá-lo.
Passaram 1 hora andando e perguntando para cada segurança e organizador da festa se algum deles havia encontrado um celular, olhando para o rosto de cada pessoa para saber se era algum de seus amigos. E nada.
Desistiram.
Voltaram ao lugar do primeiro encontro e se sentaram. Um pouco ao lado, é verdade, o lugar inicial estava um pouco sujo.


(...)

Ah se eu tivesse...

Se eu tivesse uma nova namoradinha loira e de olhos claros, eu escreveria...
Se tivesse começado um novo curso, escreveria...
Se tivesse viajado pra Europa em intercâmbio, escreveria...
Se tivesse participado de um encontro do meu curso, eu também escreveria...
E se tivesse esquiado numa pista artificial na minha cidade, escreveria! (Não tenho notícias do Digãomen)

Como não fiz nada disso, sobre o que eu poderia escrever né?

Diretamente de Fortaleza...

24/03

¿Qué pasa boludos?


Embora esse blog tenha um "quê" de comédia, visto o nome e os primeiros posts, nem tudo aqui é só alegria e palhaçadinha. Embora sejamos engraçadinhos, há horas que devemos falar sério, mesmo isso sendo bem atípico. E é com esse espírito que venho escrever sobre o dia 24 de março.

O que esse dia representa para voce? Teria algum motivo para esse dia ser um feriado nacional? Para mim também nao, mas para os argentinos, essa é uma data muito importante. Nesse 24/03, fez 33 anos do desaparecimento de 30 mil pessoas que lutavam contra a ditadura argentina, que ocorreu entre os anos de 1972 a 1983. Por toda cidade de La Plata se pode ver homenagens a esses jovens que eram, na sua maioria, estudantes.
A ditadura aqui na Argentina foi muito violenta, nao muito diferente que no Brasil. A diferença é que o povo argentino nao se esquece das coisas tao facilmente como os brasileiros e essa é, na minha opiniao, uma das coisas mais interessantes do povo daqui.

Para ilustrar o que foi, mais ou menos, essas desapariçoes, coloco a letra da música Desapariciones da banda Maná que, embora nao seja argentina, mostra muito bem o sofrimento que estes passaram na época da ditadura.

Desapariciones
Que alguien me diga si han visto a mi esposo
preguntaba la Doña
Se llama Ernesto X, tiene cuarenta años
trabaja de celador, en un negocio de carros
llevaba camisa oscura y pantalón claro
Salió anoche y no ha regresado
y no sé ya qué pensar
Pues esto, antes no me había pasado
ooo...
Llevo tres días
buscando a mi hermana
se llama Altagracia
igual que la abuela
salió del trabajo pa' la escuela
llevaba unos jeans y una camisa clara
no ha sido el novio, el tipo está en su casa
no saben de ella en la PSN ni en el hospital
ooo...
Que alguien me diga si han visto a mi hijo
es estudiante de pre-medicina
se llama Agustín y es un buen muchacho
a veces es terco cuando opina
lo han detenido, no sé que fuerza
pantalón claro, camisa a rayas
pasó anteayer
CORO
A dónde van los desaparecidos
busca en el agua y en los matorrales
y por qué es que se desaparecen
por qué no todos somos iguales
y cuándo vuelve el desaparecido
cada vez que lo trae el pensamiento
cómo se le habla al desaparecido
con la emoción apretando por dentro
oh...
Clara, Clara, Clara Quiñones se llama mi madre
ella es, ella es un alma de Dios
no se mete con nadie
Y se la han llevado de testigo
por un asunto que es nada más conmigo
y fui a entregarme hoy por la tarde
y ahora dicen que no saben quién se la llevó
del cuartel
Anoche escuche varias explociones
patún pata patún pete
tiro de escopeta y de revolver
carros acelerados freno gritos
eco de botas en la calle
toque de puertas por dioses platos rotos
estaban dando la telenovela
por eso nadie miró pa' fuera

Agora voces já sabem. Quando tiver aquela argentina bonitinha, com seu sotaque maravilhoso, numa festa cover de Los Hermanos, ao invés de ir até lá e esbarrar nela, voce pode chegar e falar sobre a ditadura e o 24/03.
Directamente de La Plata.

Piloto.

Assim como nas séries de tv, nosso blog terá seu episódio piloto. É nesse episódio que se dá a primeira apresentação dos personagens e que conta mais ou menos o enredo da história que virá. Através dele, começa a surgir os relatos de pessoas que gostaram ou não da idéia.

Esse primeiro post se faz necessário, visto que esse projeto está sendo desenvolvido desde o fim do ano passado e até agora, com todo esse tempo livre de férias, ninguém decidiu escrever uma linha sequer. O que será de nós em época de aula então? Responda você, leitor, isso se houver algum nesse momento, além de nós, participantes.

Pretendo então nesse "post piloto" apresentar-nos. Será uma breve apresentação, apenas para que os outros participantes tenham vontade de escrever e também para não cansar os leitores(??) já de cara.

Somos em 5 no momento. Todos somos ou éramos estudantes de diferentes cursos na Unicamp. Somos de diferentes estados do Brasil, alguns do nordeste, outros do sudeste, mas todos brasileiros com muito orgulho. Para mais informações pessoais, ver perfil de cada participante no menu "Colaboradores" aqui ao lado.

Sobre o blog, ele veio da idéia, pelo menos da minha parte, de nos mantermos unidos, visto que a medida que avançamos, cada um de nós tende a seguir um caminho diferente. Esse será um meio de discutirmos opiniões e histórias. Outros colaboradores, sintam-se a vontade para dar o motivo de sua participação no Caras de Cool.

Me mantenham informados...

Recuperando os Caras de Cool

Apenas para não perder textos antigos, as próximas postagens virão do findado grupo Caras de Cool. Tenho muita saudade desse tempo e é bom manter os textos para relembrar daquela época.